Já ouviu falar da síndrome de Irlen?

Saiba tudo sobre essa disfunção visual no cérebro, que afeta a vida de muitas pessoas

Se seu filho está em idade escolar e queixa de sensibilidade à luz, irritabilidade, dor de cabeça, ardência nos olhos, olhos vermelhos, distorções ao ler o texto, falta de atenção por cansaço, hiperatividade e fotofobia, fique atento pois o problema pode não ser oftalmológico! Pouco conhecida, a síndrome de Irlen – descoberta pela psicóloga americana Dra. Helen Irlen – é uma disfunção neuroperceptual, relacionada a um transtorno no processamento das informações visuais no cérebro, por conta de uma sensibilidade na percepção da luz. É uma doença hereditária e genética, que provoca déficits na codificação e decodificação das informações visuais pelo sistema nervoso central, muitas vezes confundida com Dislexia ou Déficit de Atenção.

De acordo com a fonoaudióloga da Easy Care Saúde, Dra. Isabelle Dantas Cabús, os pacientes portadores da síndrome de Irlen realizam grande esforço durante as atividades de leitura, e perdem progressivamente o conforto visual. “Quando estão expostos a luz branca, não conseguem ser produtivos. Não é incapacidade de aprendizagem e sim um desajuste do processamento visual, podendo assim afetar áreas acadêmicas como: cópia, escrita, cálculos matemáticos, soletramento, uso de computador e leitura. A concentração, atenção, motivação, desempenho escolar também podem ser afetados”.

Fique atento aos sintomas da síndrome de Irlen

Por ser uma doença cerebral e não visual, os exames oftalmológicos de rotina não apresentam anormalidade, por isso é muito importante ficar atento aos sintomas, que são: sensibilidade à luz, irritabilidade, dor de cabeça, ardência nos olhos, olhos vermelhos, distorções ao ler o texto (imagem), falta de atenção por cansaço, hiperatividade e fotofobia. A síndrome de Irlen pode ser identificada por volta dos 6 ou 7 anos de idade, por ser a fase inicial da leitura escrita nas escolas. Nesta imagem você confere uma das maneiras que a pessoa com a síndrome pode perceber o que está lendo.

Como detectar e tratar a síndrome de Irlen? 

A Dra. Isabelle conta que a avaliação deve ser feita por profissionais capacitados, afim de identificar o problema através do Teste de Screnning. “É realizada a aplicação de um protocolo padronizado conhecido como Método Irlen, para classificar o grau de intensidade das dificuldades visuoperceptuais encontradas em cada paciente”.

Por se manifestar de forma diferente em cada paciente, não existe um tratamento padrão para a síndrome de Irlen. No entanto, durante a aplicação do protocolo, são testadas transparências coloridas (overlays), selecionadas individualmente pelo paciente com o objetivo de atenuar as distorções na leitura e o conforto ao olhar para um página impressa ou tela do computador. O exame acaba causando bastante estresse visual e para cada pessoa, utiliza-se uma cor diferente após a avaliação do processamento visual. “Outra opção mais específica, prescrita por médicos oftalmologistas que fazem a adaptação caso a caso, são os filtros seletivos, lentes óticas contendo um bloqueio seletivo específico para cada paciente”, acrescenta a profissional.

Quase uma desconhecida

A síndrome de Irlen é pouco conhecida no Brasil. Há profissionais treinados em todo o país, porém o centro de referência nacional é o Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, de Belo Horizonte – MG, onde equipes são preparadas nos cursos de Capacitação em Síndrome de Irlen de forma profissional para identificar portadores e apresentar as características da condição, suas consequências, bem como orientar na recuperação. Os profissionais capacitados para o diagnóstico e tratamento dos distúrbios de aprendizagens são: pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, psiquiatras, oftalmologistas.

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